Poderá a audio-mania fazer-nos esquecer que estamos a ouvir música?

Caríssimos e uma ou duas caríssimas que vagueiam nos nossos espaços dedicados ao áudio.

Hoje tenho o dever responsabilidade de vos fazer chegar a minha última experiência de áudio.
Normalmente e por apanágio das circunstâncias as histórias devem começar, pelo brocardo “era uma vez”, como esta história não é ficcionada vou começar por relatar sinteticamente os factos, para que a abordagem que possam fazer, os que tiverem paciência de ler isto até ao fim, seja a de um leitor participante e não passivo (isto sem qualquer tipo de conotação carnal, que advenha dos tempos modernos).

Tenho trabalhado um bocado, trabalho que até tem sido (poderia ser melhor, mas enfim…) recompensado economicamente, o que à uns anos traduzir-se-ia certamente, na compra de um novo aparelho para o sistema, na troca do anterior sistema, ou pelo menos na busca de uns acessórios mais onerados que me fizessem ressuscitar o prazer da escuta.

Mas o que é facto é que não só não tenho essa vontade, como pondero sinceramente em desocupar muito espaço aqui por casa…

Pelo facto de nos últimos tempos estar sem tempo disponível, e como a música faz parte integrante do equilíbrio da minha vida, tenho sido acompanhado ultimamente pelos meus sistemas subalternos, que passo, por habituação ao preciosismo audiófilo a descrever:

Escritório de casa: Telefunkem ( do final dos anos 70) Amplificador, sintonizador e leitor de cassetes ou amplificador Arcam Alpha One  tendo como fontes um leitor de cd´s pionner do principio dos anos 90 o célebre PD-S302, um sintonizador Denon o TU- 215 Rd; ou um leitor Technics  de cassetes o RS Bx 606, quando a fonte é o computador ligo-o ao Nu force one. As colunas principais são as JBL control one

Sala do escritório: Tivoli Audio 2 que usa como fonte o Iphone.

E o sistema de som dos popós, todos de origem e sem qualquer preocupação audiófila ou outra.

Mas o porquê de toda esta conversa?
É que estupidamente, ou não, faz muito tempo que não sentia tanto prazer em ouvir música. Porque presumo, o faço despreocupadamente, sem estar analisar se o som é o melhor ou não, porque me centro no ritmo e na letra ao invés de estar apreciar se os agudos estão demasiados estridentes e o baixo se arrasta por tempo demasiado, o que me leva logo ponderar adquirir novos elementos e a espumar por umas colunas novas ou na maneira de revestir a sala, mesmo correndo o risco de um divórcio.
Por isso hoje começo a questionar se os milhares de euros que eu gastei, se traduziram sempre numa maior satisfação, ou pelo contrário, numa maior fonte de desassossego, pois quanto mais se gasta maior é a nossa preocupação em que aquilo dê o seu melhor, esquecendo-me no prazer da música ( e passe-se a comparação, eu até gosto mais de conduzir BMW do que Mercedes….).

Esta história teve uma enorme prologo não vai ter qualquer posfácio, nem um qualquer final feliz…
Mas era esta a história que vos quero fazer chegar porque questiono algumas opções que tomei, sendo certo que neste momento estou mais preocupado em encontrar o meu equilíbrio (quando escuto música) do que o equilíbrio do de qualquer sistema...