Roger Waters - Is This The Life We Really Want?

TD124 escreveu:

José Miguel escreveu:

(...) Quanto aos textos...

Ouvi dois álbuns do senhor, por hoje chega...  

Eu estava a brincar quando disse que ia ouvir o The Wall/The Final Cut ... pois estou a ouvir està pérola gravada em Aljezur !!!...

Eu percebi Paulo!!! (nós saímos para ver o sol deitar-se para lá da Ponte da Arrábida...)

Talvez um destes dias tenha eu que re-visitar o The Wall ou o Final Cut... conheço, mas não não os temos... temos outros da banda.


Contudo... A conversa está boa, mesmo boa!

Essa maneira de falar "Dele" como se fosse algo real, mata-me...por amor de Deus.

Sobre a música:

Penso que este album é uma "homage" ao Pink Floyd. (Viram o último filme do James Bond?)

Penso que o ROGER assumidamente não pretende ser inovador. A ideia é simplesmente encerrar um ciclo, aquele que tinha tentado fechar no Final CUT, mas em meu entender não foi possivel, pois o PINK FLOYD já não existia quando gravaram o disco.

Acredito que este será o seu último album. E atrevo-me a dizer aínda mais... Se todos fossem vivos este album teria provavelmente sido gravado por todos os membros da banda...

Sem entrar em pormenores técnicos que tornem a discussão "pesada", então aqui vai:

Tomem por exemplo a faixa smell the roses. O que têm a dizer sobre a melodia?
É só uma? tem só um tema?  Está repartida em sub-temas? tem contra-cantos? tocados por instrumentos, ou executados por samplers? e os  back vocals ou as "restantes vozes"  (a rapariga no rádio, o cão a ladrar, o homem a falar). E os solos dos instrumentos (teclas, guitarra e baixo) são feitos ao estilo de quem? Creio que  o Roger quer e consegue através da música mostrar profundo respeito pelo David, pelo Richie e pelo Nick. Quase parece que através da música está a pedir desculpa e a reconhecer que a força do Floyd estava na união e no contributo de todos para a "explosão" de talento e inovação que era aquela Banda.  Ele está dizer. Desculpem, vocês estavam certos!... mas eu também! ("não se pode chegar mais alto"... e acrescento eu, do que nós tivemos com o medle, dark side, wish you were here e por fim em  the wall...)  

Talvez de outra forma consiga explicar melhor:

O baixo na maioria do tempo  lembra o quê?
-é um "leit motif" para o another brick on the wall (album -the wall)
-e a progressão da harmonia da canção não vos cheira a (have a cigar?) (album-wish you where here).
-e quando tudo pára no meio da canção temos o quê? reminiscências de "speak to me",  "money" e "time" (album - dark side), com um toque de Roger pós floyd , three wishes (album amused to death).
- e o cão a ladrar de forma agressiva, não será a outra face da moeda do cão que cantava no animals?

Sinceramente, sem ser inovador, acho genial. Mais aínda, o que está feito neste disco seria o som do Pink floyd do séc XXI.

António José da Silva escreveu:

Essa maneira de falar "Dele" como se fosse algo real, mata-me...por amor de Deus.

O que é real?

O que é a Realidade?

Deus é tão real como qualquer outra coisa que possa ser nomeada!
(para mim, pela forma como entendo ser a Realidade!)


Eu não sei se Deus tem existência para lá disto que partilho com o António, mas uma coisa eu sei - Ele não tem responsabilidade pela #&%=$ que fazemos.

Eu creio que já partilhei um texto de Raúl Brandão aqui em que fica bem claro o que penso sobre Deus... Ele é uma "ponte", como tantas outras (Física, Biologia, Matemática, ...), entre o Homem e o Mundo/Realidade. Serviu-nos muito e bem, não me interessa o que se coloca no lugar de Deus, porque uma "ponte" terá sempre que existir e terá tanta força quanta a dependência dela...



O tal texto:



Foi por ter estas ideias na cabeça que estranhei que o Roger Waters colocasse a questão de substituir Deus... mas o resto da letra revela bem que ele sabe que é o Homem e não Deus o responsável!

fifas escreveu:

Sobre a música:

Penso que este album é uma "homage" ao Pink Floyd. (Viram o último filme do James Bond?)

Penso que o ROGER assumidamente não pretende ser inovador. A ideia é simplesmente encerrar um ciclo, aquele que tinha tentado fechar no Final CUT, mas em meu entender não foi possivel, pois o PINK FLOYD já não existia quando gravaram o disco.

Acredito que este será o seu último album. E atrevo-me a dizer aínda mais... Se todos fossem vivos este album teria provavelmente sido gravado por todos os membros da banda...

Sem entrar em pormenores técnicos que tornem a discussão "pesada", então aqui vai:

Tomem por exemplo a faixa smell the roses. O que têm a dizer sobre a melodia?
É só uma? tem só um tema?  Está repartida em sub-temas? tem contra-cantos? tocados por instrumentos, ou executados por samplers? e os  back vocals ou as "restantes vozes"  (a rapariga no rádio, o cão a ladrar, o homem a falar). E os solos dos instrumentos (teclas, guitarra e baixo) são feitos ao estilo de quem? Creio que  o Roger quer e consegue através da música mostrar profundo respeito pelo David, pelo Richie e pelo Nick. Quase parece que através da música está a pedir desculpa e a reconhecer que a força do Floyd estava na união e no contributo de todos para a "explosão" de talento e inovação que era aquela Banda.  Ele está dizer. Desculpem, vocês estavam certos!... mas eu também! ("não se pode chegar mais alto"... e acrescento eu, do que nós tivemos com o medle, dark side, wish you were here e por fim em  the wall...)  

Talvez de outra forma consiga explicar melhor:

O baixo na maioria do tempo  lembra o quê?
-é um "leit motif" para o another brick on the wall (album -the wall)
-e a progressão da harmonia da canção não vos cheira a (have a cigar?) (album-wish you where here).
-e quando tudo pára no meio da canção temos o quê? reminiscências de "speak to me",  "money" e "time" (album - dark side), com um toque de Roger pós floyd , three wishes (album amused to death).

Sinceramente, sem ser inovador, acho genial. Mais aínda, o que está feito neste disco seria o som do Pink floyd do séc XXI.








 

Essa observação revela um grande conhecimento do trabalho da banda, já não consigo acompanhar...


Eu fiz uma breve referência a essa canção porque gostei dela, mas o poema é intrincado e toca vários pontos que acabam por se cruzar.

Eu vi/ouvi uma grande coerência no álbum, quer ao nível das letras quer ao nível do instrumental, por isso tocou todo de uma penada!

José Miguel escreveu:

O tal texto:

Texto brutal e fantástico. Bela maneira de descrever a devoção e crença por um "ser" inventado.

fifas escreveu:

(...) Penso que este album é uma "homage" ao Pink Floyd. ...
 
Talvez de outra forma consiga explicar melhor:

O baixo na maioria do tempo  lembra o quê?
-é um "leit motif" para o another brick on the wall (album -the wall)
-e a progressão da harmonia da canção não vos cheira a (have a cigar?) (album-wish you where here).
-e quando tudo pára no meio da canção temos o quê? reminiscências de "speak to me",  "money" e "time" (album - dark side), com um toque de Roger pós floyd , three wishes (album amused to death).
- e o cão a ladrar de forma agressiva, não será a outra face da moeda do cão que cantava no animals?

Sinceramente, sem ser inovador, acho genial. Mais aínda, o que está feito neste disco seria o som do Pink floyd do séc XXI.

Amigo fifas, aprecio a maneira como analisa o album e estou mesmo de acordo complétamente com a dissecação que faz ... menos na conclusão. Venho de dar outra viradela ao disco (como o amigo Pierre me tinha proposto ...) e o resultado pouco mudou, e o pouco que mudou foi para pior e explico-me:

O Ego surdimensionado do Waters é conhecido e mesmo ele gabou-se indirectamente e vàrias vezes, de ter sido o "cérebro" dos Floyd ... entéao de um "cérebro" espero inteligência e pareçe-me ser o minimo a exigir. A ideia de utilisar elementos do patrimonio artistico afim de criar um "temporal crossover" (cruzamento temporal) como dizem os anglo-saxões não é nova na produção artistica e os exemplos abundam...

A ultima faixa do ultimo album dos REM que assina o fim do grupo é um belo exemplo. A faixa Blue cria um crescendo que subentende passagens do "Monster", depois as guitarras em distorção tocam a melodia de "Country Feedback" com a energia do desespero ... apareçe afim de apaziguar a colera, ou de confortar, a Patti Smith cantando no registro melodico de "E-Bow the letter" e finalmente a faixa e o album fecham sobre uma energia cacofonica e desesperada como um requiem maldito...
Isto é o que eu chamo fechar a porta com classe, inteligência e sentido artistico, pois o simbolo é utilisado afim de magnificar o sentido e não de manipular o auditor!

O Bowie no seu ultimo album, poderia ter ido buscar na sua coleção enorme de personagens e de faixas cultissimas elementos para fazer um "crossover" luxuoso. Mas o homém (Bowie) é demasiado inteligente para andar de gatas quando pode saltar para as nuvens ... então foi buscar a electronice e jovens artistas de talento para criar um ultimo personagem, e fazer musicalmente um album do XXI século ... com classe e dignidade!

Estes simples dois exemplos mostram, até que ponto o Waters (se este deveria ser o ultimo album) fecha muito mal a porta da sua carreira ... pois fora a ausência de surpresa, ele assena e manipula, ora que a arte da "Arte" é de subentender, insinuar. Mesmo a escrita mereçe umas palmadinhas, pois a critica social é aqui salpicada de pretenciosas alusões metafisicas ... ora que o homém é muito mais conhecido pela sua escrita doentia e depressiva (e por isso gostamos dele), do que por uma intelectualidade à la Peter Hammill. Ele tenta neste album uma escritura "eliptica e opaca" como o Gabriel fez no "The lamb lies down..." ou o Scott Walker no "Tilt" ... mas este exercicio não é dado a todos os artistas...

Por estas e outras, o termo genial é nmho excessivo, quanto a considerar como uma obra moderna o que é um reciclagem de quase 50 anos de carreira ... pareçe-me exagerado e demasiado elogioso visto o resultado ...

Não leve a mal, é simplesmente o que penso ... e o resultado da decepção de ver um grande gatinhar em vez de correr !!!

José Miguel escreveu:

António José da Silva escreveu:

Essa maneira de falar "Dele" como se fosse algo real, mata-me...por amor de Deus.

O que é real?

O que é a Realidade? ...

Se este ultimo album do Waters pode criar questões tão metafisicas ... imagino o que daria se estivessemos a falar do Spirit of Eden dos Talk-Talk !!!...

Já agora e dando uma pequena continuação à estória do tal Deus, temos da história da Literatura Nacional e de Frei António das Chagas (António Fonseca Soares), séc. XVII:

CONTA E TEMPO

Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero fazer conta, e não há tempo.

Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta!

Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo...

Bela partilha Gonçalo, desconhecíamos esse poema, mas tem mesmo pertinência no contexto desta conversa.

O Homem é mesmo tramado, a sua natureza é negada por si em função de algo que é da sua própria natureza... preso em contradições por vezes erra mais do que seria desejável - porque não errar é impensável.

Como estamos a partilhar, deixo uma página de Goethe:

Após tanta ironia, ego e conflito, acham o Waters um homem crente?

Pierre escreveu:

Após tanta ironia, ego e conflito, acham o Waters um homem crente?

António José da Silva escreveu:

Pierre escreveu:

Após tanta ironia, ego e conflito, acham o Waters um homem crente?

Também me parecia que "NIM".

Pierre escreveu:

António José da Silva escreveu:

Pierre escreveu:

Após tanta ironia, ego e conflito, acham o Waters um homem crente?

Também me parecia que "NIM".

É ele e eu.


Ainda bem, os ateus também têm direitos . Afinal, se uns têm o direito de se entreterem com seres imaginários, outros tem o mesmo direito de não acreditar neles (sim, nos muitos deuses) e nas muitas religiões, sejam elas monoteístas ou nao.
E eu ate fiz um upgrade há uns anos. Fui "confortavelmente"" agnóstico durante muitos anos, mas sai do armário.

Pierre escreveu:

Após tanta ironia, ego e conflito, acham o Waters um homem crente?

Claro que é crente e mesmo praticante ... mas não sei actualmente de qual substância !!!

É tudo muito dúbio. Interessante o facto do Waters utilizar a religião e propriamente o catolocismo para explanar a sua obra.

Pierre escreveu:

É tudo muito dúbio. Interessante o facto do Waters utilizar a religião e propriamente o catolocismo para explanar a sua obra.

Em muito da sua obra relacionado com esta temática (religião), acho que a palavra chave é a ironia que tem o seu auge em Amused to death.

António José da Silva escreveu:

Pierre escreveu:

É tudo muito dúbio. Interessante o facto do Waters utilizar a religião e propriamente o catolocismo para explanar a sua obra.

Em muito da sua obra relacionado com esta temática (religião), acho que a palavra chave é a ironia que tem o seu auge em Amused to death.

É exactamente nesse álbum que também acho, existir a termenda ironia. Mas mesmo assim, é incrível como se utiliza todo o ambiente e tempo, na revolta que quer mostrar ao mundo.

Enquanto o vinil não chega o dac da cirrus logic do iphone e ficheiros a 320k vão servindo...


Belo album.

mango escreveu:

Belo album.

Também acho que sou capaz de cair em tentação.

António José da Silva escreveu:

mango escreveu:

Belo album.

Também acho que sou capaz de cair em tentação.

Ao contrario de outros colegas foristas, quanto mais oiço mais gosto.

"Ao contrario de outros colegas foristas, quanto mais oiço mais gosto."




Comprei na worten... Vinyl-18.90 euros...

Muito bom preço!

Por aqui roda o CD e também estou a gostar.

Para mim o mais grave neste LP é a aparente má qualidade da prensagem. Comprei-o novo em loja e tive o devolver 2 (?!) vezes. Em ambas o disco vinha bastante riscado de fábrica. Algo que me surpreendeu pela negativa. À terceira troca exigi abri-lo logo na loja para não andar para trás e para a frente...

MatiasLT escreveu:

Para mim o mais grave neste LP é a aparente má qualidade da prensagem. Comprei-o novo em loja e tive o devolver 2 (?!) vezes. Em ambas o disco vinha bastante riscado de fábrica. Algo que me surpreendeu pela negativa. À terceira troca exigi abri-lo logo na loja para não andar para trás e para a frente...

Música gravada nesta Era?
Formato físico CD ou streaming.