Vinyl verdadeiramente analógico ou... remasterizado!

Boa tarde a todos!

Peço ajuda aqui ao fórum para ver se me podem esclarecer a seguinte dúvida:
Como posso distinguir um vinyl atual com som analógico de um remasterizado? é que na Fnac, não me souberam responder...
Nas novas edições em vinyl, algumas têm escrito "remasterizado" e aí não há dúvidas. No entanto, alguns discos de vinyl, não trazem nada escrito nas capas e portanto nunca sabemos se o vinyl foi remasterizado ou não. Ora acontece que eu já por algumas vezes deixei de comprar alguns discos de vinyl, com medo que o som esteja remasterizado. Para isso já tenho o cd, com aquele som paupérrimo que toda a gente sabe, onde por vezes os instrumentos estão todos a monte...
Será que alguém sabe alguma coisa sobre o assunto?
Quando vamos comprar um disco de vinyl atual, como poderemos saber se é remasterizado ou não?
Será que quando não tem informação de remasterização, de certeza que o disco não foi remasterizado?
é que sinceramente, comprar um disco de vinyl remasterizado... não faz muito o meu género!!!
Obrigado e um abraço a todo!

Paulo

Paulo Paiva escreveu:

Boa tarde a todos!

Peço ajuda aqui ao fórum para ver se me podem esclarecer a seguinte dúvida:
Como posso distinguir um vinyl atual com som analógico de um remasterizado? é que na Fnac, não me souberam responder...
Nas novas edições em vinyl, algumas têm escrito "remasterizado" e aí não há dúvidas. No entanto, alguns discos de vinyl, não trazem nada escrito nas capas e portanto nunca sabemos se o vinyl foi remasterizado ou não. Ora acontece que eu já por algumas vezes deixei de comprar alguns discos de vinyl, com medo que o som esteja remasterizado. Para isso já tenho o cd, com aquele som paupérrimo que toda a gente sabe, onde por vezes os instrumentos estão todos a monte...
Será que alguém sabe alguma coisa sobre o assunto?
Quando vamos comprar um disco de viny atual, como poderemos saber se é remasterizado ou não?
Será que quando não não tem informação de remasterização, de certeza que o disco não foi remasterizado?
é que sinceramente, comprar um disco de vinyl remasterizado... não faz o meu género!!!
Obrigado e um abraço a todo!

Paulo

boa questão...quem sabe responder ?

Eu pouco percebo deste assunto.

Mas acho que não é por ser remasterizado ou pela fonte (ou lá como se chama) ser digital que o disco vai ser inferior em termos de qualidade sonora e vai ser brutalmente comprimido. Há bons trabalhos e maus como em todo o lado... até porque se o material não for digitalizado alguma vez, as fitas (mais uma vez não sei se é o termo correcto) vão se deteriorando até desaparecerem...

Por exemplo, o caso do Californication dos Red Hot Chili Peppers, acho que não há uma edição em vinil que seja mesmo boa...

Acho que para se ter a certeza absoluta que um disco é mesmo BOM, é necessário procurar na internet para ler reviews de quem já  comprou. Ou isso ou arriscar nas editoras já conhecidas pela qualidade e pr€€€ço

Mais uma vez digo... eu pouco percebo disto, comecei à dois meses literalmente.

Eu sei disso, e obrigado pela sua opinião. Há cds que obviamente estão muito bem gravados, não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. Sobretudo as edições que foram saindo durante os anos 80 e até meados dos anos 90 (em muitos casos). Eu gostaria era de saber se há possibilidades de sabermos se um vinyl é remasterizado ou não, quando não trás nenhuma indicação. É que em muitos casos (na minha opinião) o vinyl tem melhor gravação que o cd...
a pesquisa na internet, como diz, será sempre uma solução...

Boas Paulo,
todos os discos de vinyl novos são remasterizados,
uns com alta qualidade e que por vezes até são melhores que os originais, outros nem por isso...

Os mais baratuchos são feitos na melhor das hipóteses a partir de CD,
estes discos de vinyl na esmagadora maioria não são grande coisa como é óbvio,
custam normalmente menos de 15€.

Outros um pouco mais caros já são feitos a partir de ficheiros digitais de alta resolução (estes não são forçosamente maus),
alguns até são bons, custam normalmente por volta dos 25€ (alguns um pouco mais...outros um pouco menos).

Outros ainda um pouco mais caros já são feitos a partir de segundas ou terceiras cópias analógicas das masters analógicas (e que podem ser bons), custam normalmente por volta dos 30€.

E finalmente os mais caros de todos,
que são feitos a partir das masters analógicas originais (se estiverem em bom estado),
ou então são feitos a partir da melhor fonte disponível actualmente e disponibilizada pela própria editora original,
estes discos normalmente são remasterizados nos melhores estúdios e com os melhores engenheiros de som,
e são prensados nas melhores fábricas com o melhor vinyl e pelos melhores técnicos,
o preço destes discos normalmente é acima de 35€, alguns podem custar 40€, 45€, 48€...

E não estou a falar de discos duplos, esses ainda são mais caros.

Actualmente com o câmbio do dólar,
e com o recente aumento de preços de algumas editoras audiófilas americanas,
o preço de muitos destes discos melhores ainda vai subir mais...

Normalmente o preço indica a qualidade da fonte que foi usada para a remasterização,
e na esmagadora maioria das vezes a pessoa recebe a qualidade que pagou para ter !!!

A qualidade paga-se, os melhores discos não são caros, é o preço deles, as pessoas é que ganham pouco!

Infelizmente a maior parte dos portugueses são explorados e ganham uma miséria,
por isso dificilmente vão conseguir ter acesso à qualidade.

A maior parte das pessoas vai ficar pelos discos mais baratuchos pois é aquilo que conseguem ter,
e infelizmente isso vai trazer muita desilusão e mais tarde vai afastar muitas pessoas do vinyl,
pois muitos não chegam a conhecer o melhor que o vinyl pode dar...

Também é preciso ter um sistema de alta fidelidade minimamente aceitável para tocar vinyl,
que é bem mais caro do que se for para tocar ficheiros de uma forma minimamente aceitável...

Mas cada pessoa é que sabe o que pretende e pode ter.


Abraços,
Jorge Ferreira

Jorge, agradeço imenso este seu esclarecimento.
É muito importante sabermos estas informações, pois como grandes amantes do vinyl, que somos, temos de estar alerta com estas reedições de vinyl que por aí andam.
Tal como o Jorge referiu, infelizmente, há muita gente que irá ficar decepcionado com o vinyl, sem nunca chegar a perceber o real motivo... depois, tal como o Jorge também referiu, a situação económica dos portugueses também em nada ajuda...
Ao contrário, eu/nós como já pertencemos à velha guarda, conhecemos o real valor do analógico e esse conhecimento leva-me a mim e penso que a todos nós aqui do fórum a duvidar muitas vezes da qualidade de algumas recentes edições, muitas delas sem qualidade.
Nós gostamos do vinyl por tudo aquilo que representa e é, mas acima de tudo pelo... som!

Um grande abraço e obrigado, Jorge

O amigo Jorge Ferreira já prestou informações muito úteis, vejamos se consigo elaborar um pouco mais sobre o assunto.

Uma banda vai para o estudio de gravação e embora haja excepções normalmente grava em multipistas, ou seja,  grava quase todos os instrumentos separadamente, as vozes, coros, sons ambientes, etc, etc.  Em casa não conseguimos reproduzir estas gravações multitrack, é necessário reduzir a dois canais (estereo), ou normalmente 5 ( multicanal). A esta operação chama-se mixagem final.  Assim neste momento temos duas masters, a multipistas e da mistura final, independentemente do formato (analogico ou digital). Se alguma editora pegar nas masters multipistas e as digamos,” modificar “, temos uma mistura diferente, ou seja remistura ou  “remix”. Embora esta situação seja menos vulgar não hà muito tempo sairam edições por exemplo dos Genesis, King Crimson, Jethro Tull e Gentle Giant que foram objecto de remistura, nalguns casos com sucesso, noutros nem tanto.

Voltando atrás;  após a mixagem final é necessário preparar a gravação para o formato final. A esse processo chama-se masterização. A parafernália técnica existente ao dispor dos engenheiros permite fazer muita coisa na masterização, equalização, compressão, limitação, corte de frequências, ecos,  efeitos, etc, etc, etc.  Realizado este processo obtêm-se a chamada  master  de produção que é copiada tantas vezes quantas as necessárias e enviada para os diversos locais de produção.  Também se pode optar por utilizar cópias da mixagem final como master  de produção.

O vinil é um caso particular, nos velhos tempos a masterização por norma consistia no seguinte; realizava-se (ou não) uma pré masterização (que no fundo é o processo relatado anteriormente) e passava-se essa gravação pela consola de controlo da cabeça da máquina de corte de vinil, onde se transformava o sinal analógico em sulcos no laquer, num processo de certa forma inverso ao que as celulas e agulhas dos nossos gira discos realizam. Ao mesmo tempo que o sinal era enviado para a cabeça de corte, era também gravado, e aqui temos a master tape de produção à qual era adicionada um relatório em que o responsável pelo processo relatava as decisões técnicas mais importante que permitiam, se necessário, a duplicação do processo.

Respondendo directamente à questão, nas novas edições em vinil mexe-se sempre em qualquer coisa, quanto mais não seja pelo facto da maquina de corte ser certamente outra, com especificações diferentes e ser dificil resistir à tentação de  não utilizar os superiores artificios tecnologicos que os engenheiros de hoje têm a sua disposição.

Existem editoras de reputação comprovada que normalmente utilizam masters analogicas. A qualidade e exclusividade pagam-se. A unica forma de ter certezas é vasculhar os fóruns da especialidade, incluíndo este, na procura de informação.  Ter paciência e teclar persistentemente é a resposta à questão.

Apenas mais um pequeno pormenor, existem virtualmente milhões de exemplares de vinil 100% analogicos e baratos... no mercado online de usados.

Boa pesquisa.

fjbl escreveu:

Apenas mais um pequeno pormenor, existem virtualmente milhões de exemplares de vinil 100% analogicos e baratos... no mercado online de usados.

Praticamente todos os até finais dos anos 70...

Milton escreveu:

fjbl escreveu:

Apenas mais um pequeno pormenor, existem virtualmente milhões de exemplares de vinil 100% analogicos e baratos... no mercado online de usados.

Praticamente todos os até finais dos anos 70...

Acho que um pouco mais, as consolas digitais eram muito caras para as pequenas gravadoras, muita gente continuou, pelo menos, a gravar e misturar em suporte analogico, o grande apagão analogico foi já nos anos noventa.

Eu também acho que o mercado de usados deve ser explorado,
eu sempre o explorei, principalmente relativamente a discos dos anos 50 e 60.

Mas se os conseguirmos arranjar em bom estado e a preço acessível,
mas esse é que é cada vez mais o problema, conseguir arranjá-los em bom estado e a preço acessível!

Mas isso pode sempre acontecer,
e quando isso acontece,
será sempre uma boa caçada e uma imensa alegria!

Agora...se tiverem que comprar discos novos,
penso que o melhor é comprar um disco um pouco mais caro mas bem produzido,
embora isso implique que se comprem menos, mas ao menos os que temos são bons.

Abraços a todos meus amigos e boas caçadas,
Jorge Ferreira

Agradeço imenso os vossos depoimentos, Jorge, Milton, Fjbl e a todos sem excepção.
Eu pouco percebo desta questão de como se fazem as gravações. Já fiquei a saber mais ontem com a vossa ajuda do que em toda a minha vida :0)
Concordo, Jorge, com a caça ao vinyl da época, eu praticamente só tenho vinyl antigo. Esse dificilmente nos deixa ficar mal.
Já agora, alguém já ouvio as novas edições dos Deep Purple? é que o meu Machine Head, ainda comprado na livraria Europa América (lembram-se desta livraria?), está um pouco picado e gostava de comprar um em melhores condições. Depois de pesquisar ontem na net (já segui vosso conselho), descobri que este disco foi remasterizado a partir das fitas originais.
Pelo que percebi do que aqui foi dito, isso não quer dizer que a gravação seja similar ao original, certo?
Eis o link:

http://portalrockline.com.br/deep-purple-prepara-lancamento-de-colecao-de-vinil-para-janeiro

Abraço a todos.

Paulo Paiva escreveu:

Agradeço imenso os vossos depoimentos, Jorge, Milton, Fjbl e a todos sem excepção.
Eu pouco percebo desta questão de como se fazem as gravações. Já fiquei a saber mais ontem com a vossa ajuda do que em toda a minha vida :0)
Concordo, Jorge, com a caça ao vinyl da época, eu praticamente só tenho vinyl antigo. Esse dificilmente nos deixa ficar mal.
Já agora, alguém já ouvio as novas edições dos Deep Purple? é que o meu Machine Head, ainda comprado na livraria Europa América (lembram-se desta livraria?), está um pouco picado e gostava de comprar um em melhores condições. Depois de pesquisar ontem na net (já segui vosso conselho), descobri que este disco foi remasterizado a partir das fitas originais.
Pelo que percebi do que aqui foi dito, isso não quer dizer que a gravação seja similar ao original, certo?
Eis o link:

http://portalrockline.com.br/deep-purple-prepara-lancamento-de-colecao-de-vinil-para-janeiro

Abraço a todos.

Essa caixa vai ser feita pela multinacional Universal (série Back To Black),
ou seja, grandes quantidades, pouca qualidade, baixo preço.

Devem ser os mesmos discos que eles reeditaram separadamente na série Back To Black.

Não acredito que sejam feitos das Masters Analógicas Originais embora eles digam que sim...
Quem foi o Engenheiro de Som ? foram remasterizados em que estúdio ? prensados em que fábrica da europa ?

O som e a qualidade das prensagens da série Back to Black não costuma ser grande coisa, mas são baratos...

Relativamente apenas ao "Machine Head" existe uma reedição melhor que a da Universal/Back To Black,
e apenas ligeiramente mais cara que é a da Rhino e que foi masterizada pelo Kevin Gray na AcousTech Mastering.
As reedições da Rhino são relativamente boas para o preço que custam.

Existem Rhino's prensados na Europa e Rhino's prensados nos U.S.A.,
os prensados nos U.S.A. costumam ser um pouco melhores e são um pouco mais caros,
mas os prensados na Europa também são bons e um pouco mais baratos.

Dá uma olhada na acoustic sounds nas reviews de quem comprou a reedição da Rhino prensada nos U.S.A. :
http://store.acousticsounds.com/d/12807/Deep_Purple-Machine_Head-180_Gram_Vinyl_Record

Abraço,
Jorge Ferreira

Paulo Paiva escreveu:

Agradeço imenso os vossos depoimentos, Jorge, Milton, Fjbl e a todos sem excepção.
Eu pouco percebo desta questão de como se fazem as gravações. Já fiquei a saber mais ontem com a vossa ajuda do que em toda a minha vida :0)
Concordo, Jorge, com a caça ao vinyl da época, eu praticamente só tenho vinyl antigo. Esse dificilmente nos deixa ficar mal.
Já agora, alguém já ouvio as novas edições dos Deep Purple? é que o meu Machine Head, ainda comprado na livraria Europa América (lembram-se desta livraria?), está um pouco picado e gostava de comprar um em melhores condições. Depois de pesquisar ontem na net (já segui vosso conselho), descobri que este disco foi remasterizado a partir das fitas originais.
Pelo que percebi do que aqui foi dito, isso não quer dizer que a gravação seja similar ao original, certo?
Eis o link:

http://portalrockline.com.br/deep-purple-prepara-lancamento-de-colecao-de-vinil-para-janeiro

Abraço a todos.

https://www.discogs.com/sell/item/306824084

https://www.discogs.com/sell/item/287736932

https://www.discogs.com/sell/item/276564135 (tuga)

https://www.discogs.com/sell/item/95483650

Espero ter ajudado de alguma forma

Cumprimentos
Bruno Ribeiro

Ok, Bruno, muito obrigado.

Forte abraço,
Paulo

Muito obrigado, Jorge.
Excelente informação, mais uma vez.

Grande abraço,

Paulo

Boas,

Aproveitando este tópico e uma vez que ando em pesquisas na discogs para adquirir alguns discos

Até que data/ano se pode garantir prensagem completamente analógica ?

Cumprimentos
Bruno Ribeiro

fjbl escreveu:

Milton escreveu:

fjbl escreveu:

Apenas mais um pequeno pormenor, existem virtualmente milhões de exemplares de vinil 100% analogicos e baratos... no mercado online de usados.

Praticamente todos os até finais dos anos 70...

Acho que um pouco mais, as consolas digitais eram muito caras para as pequenas gravadoras, muita gente continuou, pelo menos, a gravar e misturar em suporte analogico, o grande apagão analogico foi já nos anos noventa.

Não sei se pretendes uma resposta mais completa, mas já foi dito aqui no tópico
Acho que já para uma pessoa se orientar