Quantas vezes é preciso ouvir um disco...

Quantas vezes é preciso em média ouvir um disco jazz desconhecido para se gostar muito dele ( ou não ) ?

Comigo costuma ser no minimo menos três vezes...

Essa é uma questão interessante...
Será necessário "enfiarmos" a musica à força para passarmos a gostar dela ?
Ou será que passamos a compreender melhor a mesma?
O facto de não ouvirmos uma musica ou genero musical à muito tempo , pode fazer com que ao retomarmos essa musica/genero a mesma nos pareça "estranha"..?

Na minha humilde opinião, não haverá uma resposta consensual e genérica, já que muitos são os factores envolvidos, nomeadamente:
* a disponibilidade emocional do ouvinte
* os níveis de concentração envolvidos
* o estado de espírito do ouvinte
* os pré-conceitos

quantas vezes se redescobrem discos ouvidos um milhão de vezes, e quantas vezes o nosso disco favorito (aquele que dizemos conhecer de fio a pavio) nos soa, a dada altura, diferente pela negativa?

Apenas os meus dois cêntimos..
Cumprimentos,
Luis

Nem todas as obras se "entende" à primeira e ás vezes é necessário mais do que uma audição até ouvirmos a sua beleza. E normalmente, são depois os que perduram mais e que obtêm um cantinho especial na gaveta das nossas paixões.

Ainda ontem na estreia do "Música Maestro" na RTP, a explicação dada à melodia da sinfonia Nº40 de Mozart, leva-nos certamente a descobrir e a redescobrir certas obras. Por vezes basta um clic de contexto e tudo é esclarecido em forma de música.

As vezes nem é uma questão de ouvir a musica " a força", mas sim ouvir uns dias depois da primeira audição para que a mesma musica começe a agradar.

Mas concordo que esta materia não dá para generalizar.

Se fosse tudo a preto e branco certamente a musica não nos encantaria...

Um bom exemplo é o álbum do John Coltran ao vivo no Village Vanguard, que é um álbum que eu adoro, mas que nem todos conseguem ouvir assim logo à primeira. Mas se for ouvido com atenção, é monumental.

António José da Silva escreveu:

Um bom exemplo é o álbum do John Coltran ao vivo no Village Vanguard, que é um álbum que eu adoro, mas que nem todos conseguem ouvir assim logo à primeira. Mas se for ouvido com atenção, é monumental.

Tenho esse álbum... é de dificil digestão, aquela fase em que o John Coltrane e o Sanders "zurram"!!!

Para mim eternamente...

Não consigo apreciar Jazz por aí além. E até oiço formas de música que acho bastante mais complexas e menos agradáveis à maioria.

Continuo achar que o Jazz na sua forma mais purista, é como o Sushi, ninguém gosta, mas se comer muito do mesmo, fica com o paladar condicionado de tal forma que gosta.


* P.S: odeio Sushi e toda a "coltura" sushiana que alguns fazem do peixe crú...porque quanto Jazz, porque o já ainda se ouve qualquer coisa

António José da Silva escreveu:

Um bom exemplo é o álbum do John Coltran ao vivo no Village Vanguard, que é um álbum que eu adoro, mas que nem todos conseguem ouvir assim logo à primeira. Mas se for ouvido com atenção, é monumental.

O Coltrane não é nada facil...

mas temos algumas versõs da analogue productions que ajudam a digerir melhor a musica deste grande mestre.

por vezes ESTRANHA-SE,...
e depois ENTRANHA-SE.
existem musicas que são amor á primeira audição,...
mas já que tocaram no JAZZ,... no meu caso comecei
a apreciar o jazz á bem pouco tempo.
diria que é necessário uma atenção especial, sem interrupções
estranhas.
ou talvez utilizar a famosa frase:
-SILENCIO que se vai cantar o fado.

talvez por em tenra idade me terem levado para concertos de Jazz (cascais e outros) hoje o Jazz do Coltrane, Gillespie, Gordon, Chet baker........ e outros classicos, hoje ouvir jazz me seja facil a sua degustação, normalmente á primeira.

Normalmente no jazz se não gosto á primeira, é porque não gosto.

mas uma obra que aprendi a gostar é o Akira do Geinoh Yamashirogumi

Como alguem escreveu atraz

O estado de espirito ajuda a assimilar a musica. e depois temos dias para o Jazz, dias para rock etc

Mas um dos modos de ouvir Jazz mais agradaveis é á mesa com amigos com uma boa refeição acompanhado por um bom vinho (Douro para mim) um charuto no final e com jazz de fundo.

Num ambiente destes ja ensinei alguns amigos a apreciar o Bird, Chet baker.....

microseiki escreveu:

Mas um dos modos de ouvir Jazz mais agradaveis é á mesa com amigos com uma boa refeição acompanhado por um bom vinho (Douro para mim) um charuto no final e com jazz de fundo.

Ora isso é que é falar e a acompanhar o charuto uma boa aguardente velha em balão aquecido.

Jorge Ferreira escreveu:

microseiki escreveu:

Mas um dos modos de ouvir Jazz mais agradaveis é á mesa com amigos com uma boa refeição acompanhado por um bom vinho (Douro para mim) um charuto no final e com jazz de fundo.

Ora isso é que é falar e a acompanhar o charuto uma boa aguardente velha em balão aquecido.

Já me está a crescer a água na boca.

microseiki escreveu:

talvez por em tenra idade me terem levado para concertos de Jazz (cascais e outros) hoje o Jazz do Coltrane, Gillespie, Gordon, Chet baker........ e outros classicos, hoje ouvir jazz me seja facil a sua degustação, normalmente á primeira.

Grande sortudo!

luis lopes escreveu:

por vezes ESTRANHA-SE,...
e depois ENTRANHA-SE.
existem musicas que são amor á primeira audição,...
mas já que tocaram no JAZZ,... no meu caso comecei
a apreciar o jazz á bem pouco tempo.
diria que é necessário uma atenção especial, sem interrupções
estranhas.
ou talvez utilizar a famosa frase:
-SILENCIO que se vai cantar o fado.

Primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Muitos portugueses não conseguem apreciar de um prato caril ou de sushi à primeira, mas com o tempo e a persistência acabam por aprender a gostar, e a música, tal como as outras formas de arte, não é diferente.
Claro que é natural optarmos pelo "caminho" mais fácil e conhecido — um livro do Gabriel Garcia Marques ou do José Saramago pode parecer um desafio enfadonho e irrealizável — mas esse nem sempre é o mais rico ou intelectualmente estimulante.

Mas é óbvio que dentro dos diversos géneros musicais haverá músicas e estilos que nos agradam e outros que nem tanto.
Eu sou um apaixonado pelo período Romântico mas não sinto qualquer atração pela maior parte da música composta depois dos anos 20 do século passado.

R