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 "Um canhão pelo cu"

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Luis Filipe Goios
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Luis Filipe Goios


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MensagemAssunto: "Um canhão pelo cu"   "Um canhão pelo cu" EmptyQua Out 03 2012, 23:45

Com certeza que alguns conhecem este artigo, saído na Imprensa de "nuestros hermanos", mesmo, mesmo aqui ao lado,
para os que não leram e para reler:


O seguinte texto foi publicado recentemente no El País, tendo-se tornado absolutamente viral em Espanha. Reflecte sobre o terrorismo financeiro e a captura económica. Chama as coisas pelos seus nomes e faz uma análise sobre o capitalismo actual que está a incendiar não só Espanha como todo o mundo. O título é "Um canhão pelo cu", e é escrito por Juan José Millas.

Um canhão pelo cu



Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.



Esse porco filho da pu%&a pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na m*&da se descer.



Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.



Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da pu%&a compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.



A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.



Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de ca#$oes protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.

E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.



Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.



A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.



A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um ca#$ao com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.



Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da pu%&a que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.



Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.



Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.



Juan José Millas










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Fran
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MensagemAssunto: Re: "Um canhão pelo cu"   "Um canhão pelo cu" EmptyQui Out 04 2012, 10:36

Já conhecia (penso que via "fuças"), mas em todo o caso, é de "Um canhão pelo cu" 754215 o facto de teres partilhado aqui no forum.

Penso que em lingua original, o titulo seja :
Un cañon por el culo lol!
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António José da Silva
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MensagemAssunto: Re: "Um canhão pelo cu"   "Um canhão pelo cu" EmptyQui Out 04 2012, 12:05

É onde estamos metidos e é a razão porque todo o dinheiro gerado não chega. E não chega porque sustenta muita gente com quantias imorais.
Para quando um U-Turn da humanidade?

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Stereo
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MensagemAssunto: Re: "Um canhão pelo cu"   "Um canhão pelo cu" EmptyQui Out 04 2012, 14:13

Isto serve para me deixar mais confortável, pois há muitos anos que praticamente poso dizer que me sinto só... Mas finalmente e graças à net, as coisas estão a mudar.
Acontece que, aqui neste texto, o cu e o canhão não passa o simbolismo e o relativismo - o que quer dizer que não tem grande valor. Ai de nós, se não ultrapassamos o simbolismo e não chegamos à razão. Para que serviria então a capacidade de raciocino?!
O problema é muito maior. A bolsa em si não é o problema; este está antes na forma. A forma como se estrutura a economia... é que é o problema; a forma como se desenvolve a política... e como se cultiva toda a realidade. Por exemplo, um produto vale pelo que a publicidade pode fazer por ele ou pelo que realmente vale? Repare-se que, por exemplo, tal como acabei de dizer noutro poste, um produto agrícola produzido em Portugal e um outro produzido noutro local do planeta é bem diferente, no entanto nem isso é considerado nem sequer é considerado o custo do transporte, seja em termos monetário ou ecológico...

Portanto, qualquer comentário tem o seu valor, mas o importante é chegar ao porto devido. E aqui, importa apontar para um espaço onde se pode tratar os assuntos como eles devem ser tratados e não «jogar» nem ao acaso nem ao oportunismo... Seja que assim, as coisas ou são o que são ou o que queremos que sejam.
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MensagemAssunto: Re: "Um canhão pelo cu"   "Um canhão pelo cu" EmptyQui Out 04 2012, 14:26

Isto só lá vai ao lugar se esta malta jovem qualificada que está no desemprego por este mundo fora começar a se organizar e criar uma nova vertente politica mundial com base no povo e não na riqueza.

Eu tenho muito nojo das pessoas que "governam" o mundo actual.

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MensagemAssunto: Re: "Um canhão pelo cu"   "Um canhão pelo cu" EmptyQui Out 04 2012, 14:42

Vinil escreveu:
..."governam" o mundo actual.



Não será antes, "que se governam a nível mundial"?

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Vinil
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MensagemAssunto: Re: "Um canhão pelo cu"   "Um canhão pelo cu" EmptyQui Out 04 2012, 14:44

António José da Silva escreveu:
Vinil escreveu:
..."governam" o mundo actual.



Não será antes, "que se governam a nível mundial"?

Sim António, provavelmente até será mais correcto.
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MensagemAssunto: Re: "Um canhão pelo cu"   "Um canhão pelo cu" Empty

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