A rodar XLV

Para primeiro álbum do dia escolhi um que tem a sua costela negra, mas acompanha muito bem o normal desenvolvimento do dia.

Double Dare, a faixa de abertura, atira-nos logo de cabeça para dentro do universo dos Bauhaus e, caso a escuta do álbum não esteja presa por ideias que ultrapassam a fruição do momento, o mergulho valerá a pena.

Entre 1981 e 2014 muito aconteceu, o Planeta deu muitas voltas sobre si mesmo e algumas em torno do Sol... podemos afirmar com alguma convicção que à superfície hoje somos diferentes e que em 2014 já muitas eram as diferenças para 1981, contudo... A nossa Natureza não se transformou e não é de estranhar que a Música, como forma de comunicar a nossa Natureza, mantenha semelhanças.


The Observatory - Oscilla (2014).

Este é um álbum que poderia estar ao lado do primeiro dos Bauhaus, não porque este copia aquele, mas porque porque comunicam de uma forma semelhante o que os Músicos experimentam.

Tarde chuvosa e sombria, a Música poderia servir para contrariar, mas não seria a mesma coisa...

Para começar rodará um bem conhecido e que permite sentar, relaxar e seguir sem mais.

Confesso que já me estava a sentir sozinho por estes lados...

Do "auditório Fantasma" veio uma bela dica, faz uma semana (mais ou menos) ouvimos uma entrevista com esses dois senhores enquanto fazíamos uma viagem de carro. Recordo-me de ouvir o Laginha partilhar algumas das dificuldades que sentiu para fazer alguns arranjos dos temas escolhidos, porque o Fado ao Piano tem muito que se lhe diga. Gostamos dos pedaços que ouvimos e iremos espreitar a obra com atenção.

Deste lado roda um outro senhor que soube aproveitar muito bem a maturação da sua voz, soube acompanhar-se e conseguiu um álbum de que gosto bastante:

Van Morrison - Common One.

O jantar caiu muito bem e para ajudar à digestão vamos seguir com um álbum que devemos a este espaço:

Chet Baker - No Problem...

A partilha de álbuns é uma das partes mais importantes deste Fórum e está a diminuir... Talvez com o Natal se partilhem as novas entradas, ainda que cada escuta de um álbum se deva a algo irrepetível e o mesmo álbum partilhado mil vezes vai ter mil razões diferentes e despertar mil reações distintas.

José Miguel escreveu:

(...) A partilha de álbuns é uma das partes mais importantes deste Fórum e está a diminuir... Talvez com o Natal se partilhem as novas entradas, ...

A participação aqui foi sempre boa, mas animada por um punhado de pessoas ... basta que um ou dois deixem de vir e isto torna-se num deserto. Hà que renovar os participantes neste topico (e nos outros ) pois a musica pareçe-me ser a unica coisa que justifica a paixão pelo audio

Muitas vezes não participo aqui por meras razões de preguiça ... o tempo de tirar a foto da capa do album e de connectar a câmera ao computador e depois escrever umas quantas linhas a explicar o album e os ressentimentos à escuta, leva algum tempo. Então vou começar a fazer as coisas mais fàcilmente e assim jà participo mais:

Actualmente escuto o AIA Alien Observer da Grouper (aka Lisa Harris) e é um belo album de "AmbientPostFolk"

TD124 escreveu:

A participação aqui foi sempre boa, mas animada por um punhado de pessoas ... basta que um ou dois deixem de vir e isto torna-se num deserto. Hà que renovar os participantes neste topico (e nos outros ) pois a musica pareçe-me ser a unica coisa que justifica a paixão pelo audio

(...)

Bom dia Paulo!

Não é a primeira vez que refiro a falta de participação neste tópico e não quero cair naquele papel de "queixinhas"... mas o que se nota é uma menor participação geral.

A identificação desta "falha" não se prende com ninguém em particular - reforço: não falo de ninguém em particular! -, mas como bem colocou, este tópico sempre viveu de poucos e dentro desses poucos a maioria já se foi (não interessa estar aqui a tentar procurar as razões). O Paulo também identifica, e bem, a possível solução, mas para que ela aconteça deixo algumas questões:

- Qual o tempo médio de resposta neste Fórum? (falo de todos os tópicos... alguns nem resposta têm e as boas-vindas são, quanto muito, sofríveis).

- Que tipo de apoio e acompanhamento se faz aos tópicos que se abrem? (até um membro com alguma participação se vê aflito para receber ajuda na reformulação do seu sistema e quando se abre a possibilidade de construção de uma peça com o nome do fórum é o que se vê...)

- Num tempo em que as pessoas vivem 24h ligadas à internet, que papel ainda pode desempenhar um espaço como este?


Eu sei que esta última questão já foi debatida, mas estas perguntas são para reflexão pessoal e não para questionar quem quer que seja. As redes sociais poderão estar a ocupar o lugar dos fóruns, mas o que eu observo é pessoas a procurar ajuda em espaços onde tudo parece mais "calmo" e esclarecido, mais focado e mais dedicado.

Pode parecer um paradoxo, mas no tempo em que mais tempo se passa em "redes sociais" é o tempo em que mais se está centrado no "eu" ignorando o Outro.

Um fórum requer tempo, é verdade que também requer alguma vontade de escrever e até de partilhar, mas no fundo é essa a base da Sociedade - faz muitos séculos que não vivemos da transmissão oral do Conhecimento. De outra forma qualquer novo elemento entrará e sairá com a mesma velocidade, não terá respostas em tempo útil nem de qualidade, verificará que este é um espaço de arquivo... o que está escrito, está escrito, passou a enciclopédia.


Por mim falo, este foi um espaço muito importante no desenvolvimento da minha capacidade de escutar Música em casa, desde logo porque me possibilitou melhorar o sistema que temos em casa. Quando observo a estante de discos também noto a minha participação no fórum, sem dúvida que abri novos horizontes.

Fica o desabafo...


Porque estamos num tópico dedicado à Música, partilho o que estou a ouvir:

Tchaïkovski : Symphonie n°6 "Pathétique"...

Este será o mote para o passeio de Domingo com o meu afilhado, depois de um bom pequeno-almoço junto ao mar, subiremos em direcção à Casa da Música para assistir ao concerto comentado.

José Miguel escreveu:

Van Morrison - Common One.

(...) partilho o que estou a ouvir:
Tchaïkovski : Symphonie n°6 "Pathétique"...

Este será o mote para o passeio de Domingo com o meu afilhado, depois de um bom pequeno-almoço junto ao mar, subiremos em direcção à Casa da Música para assistir ao concerto comentado.

Certamente será bom período temporal empregue com o afilhado, ficando registado nos discos flexíveis da vossa Caixa Idiota Instruída.
Entretanto, observando o primeiro "boneco", deparo um novo assento...

Ghost4u escreveu:

(...)
Entretanto, observando o primeiro "boneco", deparo um novo assento...

Na intervenção que fiz em cima não falei das pessoas que fomos conhecendo e com quem vamos continuando a manter relações... não me esqueci dessa parte, optei por escrever apenas sobre o que se passa por aqui.

As pessoas são a melhor parte deste nosso trajecto, mesmo aquela que se fez "fantasma" e anda alegremente por este terreno mundo sem assustar. Foi por meio deste nosso "fantasma" (o que nos aparece acaba por ser nosso...) que chegamos a uns novos suportes para as colunas, ou melhor será dizer, nos chegaram estes novos suportes.

Eles foram tão bem pensados que ainda proporcionaram momentos de diversão em casa, assim como uma significativa melhoria no que observamos todos os dias.





Quanto ao som... bem, eles seguram bem as colunas e deixam-nas confortáveis para desempenhar o seu papel, não as embalam, mas permitem-lhes horas de colo sossegado.

Afinal, existem mais fantasmas por aqui.   Parafraseando Xutos & Pontapés ou Resistência, ainda bem que "não sou o único"   Eles andam por aí...

José Miguel escreveu:

[(...) Não é a primeira vez que refiro a falta de participação neste tópico e não quero cair naquele papel de "queixinhas"... mas o que se nota é uma menor participação geral.
...
Um fórum requer tempo, é verdade que também requer alguma vontade de escrever e até de partilhar, mas no fundo é essa a base da Sociedade - faz muitos séculos que não vivemos da transmissão oral do Conhecimento. De outra forma qualquer novo elemento entrará e sairá com a mesma velocidade, não terá respostas em tempo útil nem de qualidade, verificará que este é um espaço de arquivo... o que está escrito, está escrito, passou a enciclopédia.
...
Fica o desabafo...

Olà José, a minha intervenção não era no tom de desabafo pois muitas vezes alertei para o baixo regime do forum ao nivel da participação, e dessas vezes sim eram desabafos ... hoje não, pois açeito com pragmatismo essa evidência!

Como diz a canção da Mercedes de Sosa "Todo Cambia" e o que existe hoje desta maneira amanhã serà diferente. Muitas pessoas vão nos forums de audio para falar do "Material", não da sua função, e assim é jà hà muito tempo o que quer dizer que prestes isto vai mudar, pois é ciclico como a moda. Os aparelhos exercem um fascinio diferente do da musica porque este é imediato, criador de desejo, de sonho ... é material, é palpàvel como os discos   . A escuta da musica, a sua percepção e mesmo a compreensão são actos intimos, imateriais e por vezes indizivéis o que torna esta troca mais complexa ... mas fundamental para aqueles que se interessam ao audio porque porque são melomanos !...

Enquanto trabalho continuo a escutar a Liz Harris aliàs Grouper. este album gravado em Aljezur durante uma residência de artistas da Galeria Zé dos Bois mereçe um reconhecimento mundial pois é uma maravilha !!!...

TD124 escreveu:

Enquanto trabalho continuo a escutar a Liz Harris aliàs Grouper. este album gravado em Aljezur durante uma residência de artistas da Galeria Zé dos Bois mereçe um reconhecimento mundial pois é uma maravilha !!!...
(...)

De manhã espreitei o primeiro álbum, digo espreitei porque não o consegui ouvir todo - bastante sombrio, como tinha que estar de auscultadores, o ambiente criado não me permitia tal (os Sennheiser Momentum ajudam a carregar o lado "negro"). Depois do almoço visitei este Ruins e voltei a experimentar o mesmo sentimento... Estes são álbuns para ficar a escutar de forma quieta, lá no fundo eles deixam passar a luz.

A paisagem em Espinho...


Trabalhar e escutar esses álbuns... O Paulo está a trabalhar em testes de som!?!

TD124 escreveu:

José Miguel escreveu:

(...) A partilha de álbuns é uma das partes mais importantes deste Fórum e está a diminuir... Talvez com o Natal se partilhem as novas entradas, ...

A participação aqui foi sempre boa, mas animada por um punhado de pessoas ... basta que um ou dois deixem de vir e isto torna-se num deserto. Hà que renovar os participantes neste topico (e nos outros ) pois a musica pareçe-me ser a unica coisa que justifica a paixão pelo audio

Muitas vezes não participo aqui por meras razões de preguiça ... o tempo de tirar a foto da capa do album e de connectar a câmera ao computador e depois escrever umas quantas linhas a explicar o album e os ressentimentos à escuta, leva algum tempo. Então vou começar a fazer as coisas mais fàcilmente e assim jà participo mais:

Actualmente escuto o AIA Alien Observer da Grouper (aka Lisa Harris) e é um belo album de "AmbientPostFolk"

José Miguel escreveu:

TD124 escreveu:

A participação aqui foi sempre boa, mas animada por um punhado de pessoas ... basta que um ou dois deixem de vir e isto torna-se num deserto. Hà que renovar os participantes neste topico (e nos outros ) pois a musica pareçe-me ser a unica coisa que justifica a paixão pelo audio

(...)

Bom dia Paulo!

Não é a primeira vez que refiro a falta de participação neste tópico e não quero cair naquele papel de "queixinhas"... mas o que se nota é uma menor participação geral.

A identificação desta "falha" não se prende com ninguém em particular - reforço: não falo de ninguém em particular! -, mas como bem colocou, este tópico sempre viveu de poucos e dentro desses poucos a maioria já se foi (não interessa estar aqui a tentar procurar as razões). O Paulo também identifica, e bem, a possível solução, mas para que ela aconteça deixo algumas questões:

- Qual o tempo médio de resposta neste Fórum? (falo de todos os tópicos... alguns nem resposta têm e as boas-vindas são, quanto muito, sofríveis).

- Que tipo de apoio e acompanhamento se faz aos tópicos que se abrem? (até um membro com alguma participação se vê aflito para receber ajuda na reformulação do seu sistema e quando se abre a possibilidade de construção de uma peça com o nome do fórum é o que se vê...)

- Num tempo em que as pessoas vivem 24h ligadas à internet, que papel ainda pode desempenhar um espaço como este?


Eu sei que esta última questão já foi debatida, mas estas perguntas são para reflexão pessoal e não para questionar quem quer que seja. As redes sociais poderão estar a ocupar o lugar dos fóruns, mas o que eu observo é pessoas a procurar ajuda em espaços onde tudo parece mais "calmo" e esclarecido, mais focado e mais dedicado.

Pode parecer um paradoxo, mas no tempo em que mais tempo se passa em "redes sociais" é o tempo em que mais se está centrado no "eu" ignorando o Outro.

Um fórum requer tempo, é verdade que também requer alguma vontade de escrever e até de partilhar, mas no fundo é essa a base da Sociedade - faz muitos séculos que não vivemos da transmissão oral do Conhecimento. De outra forma qualquer novo elemento entrará e sairá com a mesma velocidade, não terá respostas em tempo útil nem de qualidade, verificará que este é um espaço de arquivo... o que está escrito, está escrito, passou a enciclopédia.


Por mim falo, este foi um espaço muito importante no desenvolvimento da minha capacidade de escutar Música em casa, desde logo porque me possibilitou melhorar o sistema que temos em casa. Quando observo a estante de discos também noto a minha participação no fórum, sem dúvida que abri novos horizontes.

Fica o desabafo...


Porque estamos num tópico dedicado à Música, partilho o que estou a ouvir:

Tchaïkovski : Symphonie n°6 "Pathétique"...

Este será o mote para o passeio de Domingo com o meu afilhado, depois de um bom pequeno-almoço junto ao mar, subiremos em direcção à Casa da Música para assistir ao concerto comentado.

 

Boa tarde,

Em primeiro lugar as velharias que rodam esta tarde por aqui…







Em relação aos ilustres desaparecidos nunca percebi o que se passou

José Miguel escreveu:

...De manhã espreitei o primeiro álbum, digo espreitei porque não o consegui ouvir todo - bastante sombrio, como tinha que estar de auscultadores, o ambiente criado não me permitia tal (os Sennheiser Momentum ajudam a carregar o lado "negro"). Depois do almoço visitei este Ruins e voltei a experimentar o mesmo sentimento... Estes são álbuns para ficar a escutar de forma quieta, lá no fundo eles deixam passar a luz.
...

Trabalhar e escutar esses álbuns... O Paulo está a trabalhar em testes de som!?!

A maioria da musica que escuto é sombria, ou tém um lado sombrio, a tal ponto que nunca tinha visto, ou sentido, a musica da Grouper como tal ... vejo uma musica atmosferica, estàtica e abstracta que possui uma delicateza "fantasmagorica" deveras feminina. Pode ser uma musica propicia à introspeção mesmo se habitualmente não a utiliso para tal ... hà coisas mais eficazes

Não fiz nenhum teste de som hoje pois trabalhei no computador a arquivar esquemas, desenhar circuitos impressos e soldei os ultimos componentes no Dac do nosso amigo Manfred ... também trabalhei um pouco na minha prenda de Natal, mas como o sistema estava ao lado deixei-me ir à escuta da Liz Harris simplesmente !...

Este ultimo Nick Cave poderia ser um album de transição apòs o drama da morte do seu filho que culminou com o corajoso e sensivel Skeleton Tree. Mas, o luto continua e desta vez o sombrio dà lugar a uma musica minimalista, epurada e distila um sentimento doentio, ambiguo. Não sei ainda o que pensar desta obra mas convido-vos a descobrir por vòs mesmos ...

Roy Orbison…

E ainda a saudosa…

Uma tarde bastante diversificada e ''the last but not the least''





e o esquecido...

antpaubarcar escreveu:

Uma tarde bastante diversificada e ''the last but not the least'' ...

...

Esse é na minha opinião o melhor album dos Scorpions ... mesmo se o unico album deles que escutei muito quando adolescente foi este que tinha todos os bons "slows" para dançar nas festas de garagem nos domingos

TD124 escreveu:

antpaubarcar escreveu:

Uma tarde bastante diversificada e ''the last but not the least'' ...

...

Esse é na minha opinião o melhor album dos Scorpions ... mesmo se o unico album deles que escutei muito quando adolescente foi este que tinha todos os bons "slows" para dançar nas festas de garagem nos domingos

De acordo, o Gold Ballads também cá canta quero dizer toca...e as festas ás vezes não eram só aos domingos e também faziamos com outros discos eh eh eh

Boa noite

Ultimamente até tenho ouvidos umas coisas que rodam.. Algumas que, para espanto meu são novidade.
Hoje não trago fotografia, amanhã quem sabe

Falou-se de bailes ao domimgo, mas não esperaram e foi uma sexta-feira muito animada... A idade está a fazer-vos bem!

anibalpmm escreveu:

José Miguel escreveu:

Falou-se de bailes ao domimgo, mas não esperaram e foi uma sexta-feira muito animada... A idade está a fazer-vos bem!  

Começar pela Amalia e acabar com os The Smiths atravessando pelo meio uma das mais belas obras do Gil Scott Heron é o que eu chamo de ecletismo. Gosto muito da musica desse senhor e respeito a imensa influência do Gil Scott ... mesmo se o escuto raramente hoje e fico-me geralmente pelos albums Winter in America e I'm New Here ! Bravo pela playlist amigo Anibal

Não sei se a idade faz bem no que diz respeito à escuta musical, pois no que me diz respeito não é o caso. Antes (mais novo) era curioso de tudo e estava sempre a coscuvilhar coisas novas, atipicas ou desconhecidas ... hoje estou demasiado implicado nos meus estilos de eleição para ir espreitar outras coisas e como "tento" olhar sempre para a frente e nunca para tràs, as obras do passado (fora o Barroco e algum Jazz) são raramente escutadas  

Acordei tarde o que é rarissimo e durante o chà verde da manhã ataquei-me a este. Temo que hoje seja dia de obras monumentais visto como começei. The Tired Sound of Stars of the Lid é uma obra tentacular, hipnotica e catartica que destructura a melodia para levar a musica a uma expressão simples e minimalista. Ora é nesta (aparente) ausência de manipulação intelectual que de repente a musica apareçe com uma potência mistica, energisante e magnética ...

Depois de um final de tarde e noite dedicado a outros afazeres, hoje já fui às comprinhas, ainda é cedo para o almoço e por isso... Vai rodar um disquito.

Confesso que já estive muito mais ligado ao que se faz por estes dias em termos de Música, mas por mudanças de hábitos comecei a olhar para trás e fiquei preso/rendido. Não sou dos que diz que hoje apenas se faz mal, há muita coisa bem feita a ser lançada, há muita Música a ser escrita que traduz o Tempo e o Mundo em que vivemos. O Post-Rock é uma dessas "línguas" que se coloca em contra-corrente, na sua vertente mais Ambient quase que a entendo como uma forma de luta contra a "língua" dominante que de tão acelerada torna-se quase intocável pela sua fugacidade.

Também é curioso ver-se surgir movimentos "puristas" em outros estilos de Música, como no R&B, Hip Hop, Rap, ... Quase que reivindicando a necessidade de voltar a dar peso à mensagem, a um storytelling com significado.


Por aqui e quase em jeito de resumo de tudo o que disse, roda:


É um álbum do Passado, mas é um daqueles que poderia ser escrito hoje respeitando a necessidade de falar uma "língua" de contra-corrente...

Falando de começo de manhã calmo e de música do passado que eu na altura não ouvia...roda

José Miguel escreveu:

(...) Confesso que já estive muito mais ligado ao que se faz por estes dias em termos de Música, mas por mudanças de hábitos comecei a olhar para trás e fiquei preso/rendido. Não sou dos que diz que hoje apenas se faz mal, há muita coisa bem feita a ser lançada, há muita Música a ser escrita que traduz o Tempo e o Mundo em que vivemos. ...

Partilho esta tua intervenção complétamente e na minha expressão desta manhã não havia nada de subliminal ném de pejorativo ... a grande e boa musica sempre existiu e preferir a do passado não é um pecado ... eu proprio escuto a 50% a musica Barroca e nunca me deu azia, bem ao contràrio pois Bach, Dowland e Purcell são saudàveis! Noto que com a idade temos tendência ou a "fugir" para a frente ou para tràs, é dificil de guardar um equilibrio como dizia Freud, então tudo isto é normal e um reflecto do que somos, de como vivemos. Somos pessoas e por natureza singulares, ai reside a nossa força e os nossos limites ...

antpaubarcar escreveu:

Falando de começo de manhã calmo e de música do passado que eu na altura não ouvia...roda  ...

Eu pouco escuto de françês e isto desde sempre, no entanto tenho um amigo que tém em grande estima o Serge Reggiani e que me fez escutar canções de grande beleza e profundura. È um dos grandes de la chanson française !!!...

Apòs o hipnotico triplo album dos Stars of The Lid vou mandar mais um igualmente composto de três discos. Se os SOTL são os mestres do espaço e do tempo, os Boards of Canada são os mestres da matéria, da textura. Como um magma orgânico esta musica escorre e engloba o auditor num clima sufocante e estranho. Este Geogaddi é baseado em movimentos singulares, sém coerência aparente, mas pouco a pouco a musica apareçe como homogénea, brilhante no seu equilibrio interno. Uma musica Electronica que não pareçe construida mas nascida da noite dos tempos, como se sempre tivesse existido, fundamental em resumo !!!...

José Miguel escreveu:

Falou-se de bailes ao domimgo, mas não esperaram e foi uma sexta-feira muito animada... A idade está a fazer-vos bem!  

TD124 escreveu:

anibalpmm escreveu:

José Miguel escreveu:

Falou-se de bailes ao domimgo, mas não esperaram e foi uma sexta-feira muito animada... A idade está a fazer-vos bem!  

Começar pela Amalia e acabar com os The Smiths atravessando pelo meio uma das mais belas obras do Gil Scott Heron é o que eu chamo de ecletismo. Gosto muito da musica desse senhor e respeito a imensa influência do Gil Scott ... mesmo se o escuto raramente hoje e fico-me geralmente pelos albums Winter in America e I'm New Here ! Bravo pela playlist amigo Anibal

Não sei se a idade faz bem no que diz respeito à escuta musical, pois no que me diz respeito não é o caso. Antes (mais novo) era curioso de tudo e estava sempre a coscuvilhar coisas novas, atipicas ou desconhecidas ... hoje estou demasiado implicado nos meus estilos de eleição para ir espreitar outras coisas e como "tento" olhar sempre para a frente e nunca para tràs, as obras do passado (fora o Barroco e algum Jazz) são raramente escutadas  

Acordei tarde o que é rarissimo e durante o chà verde da manhã ataquei-me a este. Temo que hoje seja dia de obras monumentais visto como começei. The Tired Sound of Stars of the Lid é uma obra tentacular, hipnotica e catartica que destructura a melodia para levar a musica a uma expressão simples e minimalista. Ora é nesta (aparente) ausência de manipulação intelectual que de repente a musica apareçe com uma potência mistica, energisante e magnética ...

Foi o que apeteceu
Também ando menos curioso com a música atual
Vou apanhando algumas coisas mas nada como há uns anos atrás
Esse post foi resultados de alguns dias se não semanas, confesso
Tinha tirado as fotos para postar aqui mas ando demasiado ocupado e preguiçoso, até para ouvir música

Ouvir o Paulo e o José Miguel dizer que este tema tem vindo a perder participantes, alertou-me para o facto de nele nunca ter participado, embora seja um tema dos que mais me agradam porque prezo a vossa opinião e gu


sto de saber dos vossos gostos musicais.
Decidi dar o meu contributo para o tema e de imediato fotografei as capas dos discos que tinha mais à mão.
São discos que tenho há mais de 40 anos, outros que comprei "ontem", muito bons discos comprados no J.Nunes Alves , outros... na Feira de Carcavelos !!!Nada disso importa. O que é importante é que são discos que tenho prazer em ouvir e que podem despertar noutros a curiosidade de os ouvir também, tal como acontece comigo quando vejo as vossas sugestões.

E que isto sirva para que mais gente "apareça" e diga de sua justice !

anibalpmm escreveu:

(...) Tinha tirado as fotos para postar aqui mas ando demasiado ocupado e preguiçoso, até para ouvir música

Tudo bem Anibal? ... pois quando se tém preguiça de ouvir musica, isso cheira a depressão

Para acabar a série de hoje e antes de ir-mos comer à casa de amigos vai para o prato este :

O que é a musica ???... esta questão està subentendida em cada disco do Sylvain Chauveau e o artista tenta pela diversificação estética de mostrar que a resposta não existe ... ou que hà varias. Aqui as melodias são despidas de todos os componentes ritmicos afim que subsista simplesmente a sua voz e alguns acordos de piano ou e de electronica. Resulta uma escuta em suspensão aonde cada nota pareçe sugerir todas as outras silenciosas. Pode pareçer como um exercicio de estilo mas não é pois a componente humana, deveria dizer sensivel, apareçe como fundamental nesta obra. Apesar do sentimento de proximidade com a musica do David Sylvian, pelo timbre da voz e pela elegância harmonica, estamos na realidade numa ruptura ... esta musica começa aonde a do Sylvian acaba !...

Fernando Salvado escreveu:

Ouvir o Paulo e o José Miguel dizer que este tema tem vindo a perder participantes, alertou-me para o facto de nele nunca ter participado, ...
...

Nunca é tarde para participar e obrigado por partilhares connosco esses teus discos. Este aqui com a Santa Trindade Russa dirigida pelo metronomico e obcessivo Karajan deve ser qualquer coisa. Sou um aficionado do Richter tanto com Bethoven que com o Rachmaninov  

TD124 escreveu:

Tudo bem Anibal? ... pois quando se tém preguiça de ouvir musica, isso cheira a depressão

Tudo ok, obrigado por perguntares
Acho que não, mas ainda não faço diagnósticos a mim próprio
Apenas vida nova, casa nova.....
Dá muito trabalho.....

anibalpmm escreveu:

TD124 escreveu:

Tudo bem Anibal? ... pois quando se tém preguiça de ouvir musica, isso cheira a depressão

Tudo ok, obrigado por perguntares
Acho que não, mas ainda não faço diagnósticos a mim próprio
Apenas vida nova, casa nova.....
Dá muito trabalho.....

Casa nova é sempre complicado mas…

Música desta tarde:





e este que já não ouvia há uns tempos...

Boa noite a todos,

Eu ando a saltar entre géneros, para ver como os discos me soam com o novo amplificador.
Aqui está a acabar agora de rodar o Human de Rag'n'Bone Man.

Gostava de um dia ouvir este Sr. num concerto acústico, acho que tem uma grande voz.


A faixa que dá o nome ao álbum não é a minha favorita.

Cumprimentos,
Rafael

Final da manhã…

O desfile continua e a vontade de chegar a casa para poder rodar um disquito cresce... Este dia está tão cinzento que convida ao refúgio doméstico.

TD 124 Escreveu:
...Sou aficionado do Richter...

Sviatoslav Richter era de facto um grande pianista, embora com algum "empolamento" em relação ao Emil Gilels , por ser dissidente da URSS.
Tenho dele algumas preciosidades como a que mostro; ir ouvi-lo na Grange de Meslay foi um sonho que nunca pude realizar...mas felizmente, pude ouvir outros pianistas de eleição e muito do meu agrado ( de Wilhelm Kempf a Kissin e sobretudo...Sequeira Costa e Paul Badura Skoda )...e,aí vai uma estória da minha vida...
Fui ao Auditório F Lopes Graça no Estoril ( ao ar livre ) para ouvir o Badura Skoda numa tarde de Agosto; pouco antes do início do concerto, destou a chover e foi uma debandada geral. Ficaram apenas dois casais vociferando contra o S Pedro. Eis senão quando surge ao lado da cortina da boca de cena, uma figura grisalha a acenar e a convidar os 4 resistentes para subirmos para o palco...nem mais nem menos o próprio Badura Skoda que nos recebeu dizendo " vieram ao concerto...pois vão ter o concerto ..."e tocou para
4 pessoas do público mais 8 ou 9 elementos da organiação...
Aquí a realidade ultrapassou o sonho !!!

O que já rodou...








e o que está a rodar…

Prezado Fernando Salvado,

Grato pela partilha desse acontecimento singular na sua vida,

Final do dia e o regresso a casa... Para poder relaxar um pouco escolhi um álbum que tem sido muitas vezes lembrado e tantas outras colocado de lado para melhor oportunidade. Hoje dá-se a oportunidade e por isso vou viajar ao som de:


Alice Coltrane e os seus companheiros conseguiram algo incrível com este álbum e sempre que escuto a primeira faixa - Journey in Satchidananda - sinto que fui tocado de uma forma eapecial... É um daqueles álbuns que não vai nada mal com uma "etiqueta", porque dá total significado a ela: Jazz Espiritual.

No caso da primeira faixa não vos tocar como deve ser, deixem-se embalar pela segunda - Shiva-Loka -, porque estruturalmente é semelhante e Pharoah Sanders começa de uma forma muito suave a dizer-nos que o caminho aberto pelos restantes não é para ignorar.

Quando um registo sabe bem, o melhor é continuar.


Making Music é o nome do álbum e da primeira faixa, a longa faixa que nos abre ao mundo de Zakir Hussain e da capacidade que ele tem de se expressar por meio da Tabla.
Ao seu lado a ECM colocou alguns dos suspeitos do costume, mas estes souberam encaixar-se e a guitarra de McLaughlin revela-se poliglota e fala a língua de Hussain. Jan Garbarek cai neste registo como uma luva, os seus saxofones estão muito bem ao lado das flautas de Hariprasad Chaurasia e torna-se fácil fechar os olhos e viajar até à Índia.

Finalmente em vinil e não desaponta

Apenas conheço o Hats, graças às partilhas do Aníbal, amanhã espreitarei esse.

anibalpmm escreveu:

... Apenas vida nova, casa nova.....
Dá muito trabalho.....

Ah, isso são boas noticias ... mesmo se dà trabalho uma nova vida (e nova casa) é algo de excitante e que rompe o quotidiano. Também farei isso daqui a quatro ou cinco anos !!!...

Fernando Salvado escreveu:

... Sviatoslav Richter era de facto um grande pianista, embora com algum "empolamento" em relação ao Emil Gilels , por ser dissidente da URSS.
Tenho dele algumas preciosidades  como a que mostro; ir ouvi-lo na Grange de Meslay foi um sonho que nunca pude realizar...
...
4 pessoas do público mais 8 ou 9 elementos da organiação...
Aquí a realidade ultrapassou o sonho !!!

No meu conhecimento ném o Richter, ném o Emil Gilels (ambos alunos do Neuhaus) e que eram amigos nunca foram dissidentes da URSS e morreram ambos na União Soviética/Russia. Téem estilos diferentes pois o Gilels tém algo de romântico, de orgânico na sua interpretação ora que o Richter pode parecer clinico, autoritario ... mas ambos são excelentes interpretes do Rachmaninov. Eu estive para ver o Richter em Kiev quando vivia na URSS e por uma razão que não me lembro dei o bilhete a um amigo pois não pude ir ...

Obrigado pela partilha dessa sua bela historia !!!!

José Miguel escreveu:

Making Music é o nome do álbum e da primeira faixa, a longa faixa que nos abre ao mundo de Zakir Hussain e da capacidade que ele tem de se expressar por meio da Tabla...

A bronze jà deslisou sobre vàrios discos, então a queima deve estar a chegar ao fim não ???

Inarticulate Speech of the Heart (1983)
Beautiful Vision (1982)
Hard Nose the Highway (1973)

Três obras maiores do "Van The Man", a primeira, um trabalho absolutamente etéreo, espiritual, melódico e espacial. Como a capa sugere, uma viagem nos meandros da atmosfera. A segunda, igualmente genial introduz um espectro de influências celtas. O último 8 canções primorosas que fundem jazz e rock. Os três com gravações tecnicamente irrepreensíveis.

Van Morrison tem álbuns especiais e a selecção apresentada pode ser usada para o descobrir e ficar rendido.

Deste lado vai rodar um álbum que pertence a um jovem, mas que escreve e canta como alguém bem mais velho. A capacidade de transportar o ouvinte para dentro do seu mundo está melhor conseguida neste segundo álbum, ainda que a crítica não seja a mais meiga...

Benjamin Clementine - I tell a fly (2017)

em dia de chuva e muito vento apetece estar em casa a ouvir uma boa musica
podia ser alegre, mas não, apeteceu-me ouvir um disco que considero o melhor desta década, pelo menos até agora
Thomas Feiner reincide e coloca-se mais uma vez no pelotão da frente depois de já ter feito obra maior na anterior década com Anywhen - The Opiates, agora com ajuda de Steve Jansen
disco com uma electrónica dark de origem nórdica, atravessada por elementos acústicos, com a voz profunda e magnifica de Thomas Feiner, com ambientes predominantemente negros e depressivos. nitidamente influenciada pelos Rain Tree Crow, David Sylvian, Japan mas também o Ryuichi Sakamoto, ou não estivesse Steve Jansen também no leme


Van Morrison é sempre bem vindo

TD124 escreveu:

(...)

A bronze jà deslisou sobre vàrios discos, então a queima deve estar a chegar ao fim não ???

A resposta a esta questão está aqui:
https://www.audioanalogicodeportugal.net/t13081-a-ortofon-2m-bronze-um-dos-passos-da-mudanca#315458

anibalpmm escreveu:

em dia de chuva e muito vento apetece estar em casa a ouvir uma boa musica
podia ser alegre, mas não, apeteceu-me ouvir um disco que considero o melhor desta década, pelo menos até agora
Thomas Feiner reincide e coloca-se mais uma vez no pelotão da frente depois de já ter feito obra maior na anterior década com Anywhen - The Opiates, agora com ajuda de Steve Jansen
disco com uma electrónica dark de origem nórdica, atravessada por elementos acústicos, com a voz profunda e magnifica de Thomas Feiner, com ambientes predominantemente negros e depressivos. nitidamente influenciada pelos Rain Tree Crow, David Sylvian, Japan mas também o Ryuichi Sakamoto, ou não estivesse Steve Jansen também no leme ...

Van Morrison é sempre bem vindo

Hà um ano atràs tinha-me interessado a esse disco e escutei-o algumas vezes na bandcamp ... e finalmente a alquimia não aconteçeu e isto por vàrias razões. O video promocional do disco era tão cheio de alusões (visuais) aos universos do Max Richter e do Jóhann Jóhannsson o que me deu um sentimento de obra mais trabalhada do que inspirada. Depois, as quantas escutas que fiz arrefeceram-me definitivamente pela influência nitida tanto do universo do Sylvian que do Christian Fennesz. Finalmente fiquei distante quanto à obra ...

O Van Morrison é um artista que a voz de "cana rachada" me perturba ... mas o Astral Weeks roda agora e que dizer de outro fora que é um masterpiece do rock com arranjos de uma rara beleza e sensibilidade ...