Visitar uma superfície comercial nos anos '90'...

Sempre odiei hipermercados!

Já existe o bem conhecido cliché do homem que detesta ir às compras! No meu caso nunca tal se adequou tanto. De facto, desde muito novo que a simples entrada num hipermercado me deixa de com dores de cabeça. Seja pelo excesso de informação que nos entra pelos olhos dentro, seja pelas pessoas, por tudo. Enfim, sou um anti-social...

Quando era mais novo e os meus pais iam a um Jumbo de Alfragide ou a um Carrefour a Telheiras - era o que havia, na altura - e me pediam para ir com eles o meu refúgio era, precisamente, a linha castanha! Obviamente que não se iria encontrar lá aquele áudio de encher os ouvidos, mas que havia por lá muita coisita de encher o olho, para o consumidor mediano, havia!

Havia múltiplos modelos de aparelhagens midi e mini - foi o boom da série FH e MHC da Sony - em exposição, das mais variadas marcas e modelos, umas que um adolescente como eu ansiava ter no quarto, e havia outros sistemas mais rascas que só serviam para um gajo olhar e se rir um bocado. Mas dava gosto uma pessoa andar por aqueles corredores cheios de sistemas de áudio, alguns até com componentes individuais, e também deitar um olho aos videos VHS e câmaras que estavam expostas...

Aliás, recordo-me muito bem de uma vez, no Carrefour Telheiras - ter lá estado em exposição a topo de gama Sony LBT-D905!


A tecnologia evoluiu, e a fusão entre a informática e o áudio - embora o CD e o Minidisc já implicassem alguma - mudou o paradigma totalmente. Hoje já nada enche o olho quando se visita a secção de linha castanha de uma grande cadeia de distribuição. Quando muito enche a mão! Hoje o entretenimento miniaturizou-se ao nível do binómio telemóvel-coluna. Temos também os tablets, fotografia, e de áudio puro como há uns anos atrás só encontramos umas aparelhagenzitas pequenitas e umas soundbars que até podem ter a sua qualidade e o seu mérito - mas que já não enchem o olho como antigamente.

Hoje o mercado mudou. Entro numa Box do Jumbo ou numa Worten do Continente e sinto um vazio enorme. O adolescente em mim a buscar algures entre os frágeis telemóveis, tablets e mini-colunas aqueles pequenos monstros com que me entretinha enquanto os velhotes andavam de volta da carne e do peixe...´

Será que sou só eu que sinto esta nostalgia?

Aqui o companheiro Cylon, parece que tem receio de dizer tudo. Mas eu faço pandam com ele e ainda carrego mais no "burro"

Porque não dizer que quando apareceram os grandes hipermercados, a partir de 1985 - Matosinhos - e seguidamente Amadora, apresentavam bem mais propostas áudio e muitas vezes, bem mais interessantes que algumas das lojas ditas de especialidade.

Se bem que o objecto e foco de negócio destes nunca tenha sido a concorrência directa com essas lojas (como muitas vezes e erradamente, para aí se diz), é um facto que estes grandes espaços vieram trazer uma nova era e uma nova forma de estar no comércio e, porque não dizê-lo, democratizando-o. O que afastou muita gente dessas tais lojas

Entre imensas razões, que seria exaustivo aqui enunciar, as razões ligadas aos horários de funcionamento, à liberdade de ver, mexer, escolher, pagar e ir embora são mais que suficientes para esse "entretenimento".

Infelizmente, hoje esses grandes espaços já não nos entretêm da mesma forma. Mas os espaços dedicados, também não. E a tal democratização da "coisa" perdeu-se.

O dac/processador da LBT-D905 é fabuloso, mas porra mais à Sony, aquilo só funciona se estiver ligado ao amp do sistema com um cabo bus. Que m*&da.

Cylon escreveu:

Será que sou só eu que sinto esta nostalgia?

Não! Eu também! Quando passava na Transon do Cascaishopping para "galar" os Sony ES. O feeling que eu tinha já não encontro nas lojas actuais.

Mas se pensarmos bem, há milhões de pessoas por esse mundo fora que só ouvem vintage como se estivessem em 95, ou 85, ou mesmo 75. Basta ver a quantidade de forums dedicados a esse tema, completamente indiferentes ao que se faz hoje em dia.

galvaorod escreveu:

Cylon escreveu:

Será que sou só eu que sinto esta nostalgia?

Não! Eu também! Quando passava na Transon do Cascaishopping para "galar" os Sony ES. O feeling que eu tinha já não encontro nas lojas actuais.

Mas se pensarmos bem, há milhões de pessoas por esse mundo fora que só ouvem vintage como se estivessem em 95, ou 85, ou mesmo 75. Basta ver a quantidade de forums dedicados a esse tema, completamente indiferentes ao que se faz hoje em dia.

Há malta que gosta de viver no passado

Ficaram presos, será que também só ouvem a M80?

O meu grande amigo António (continua a publicar umas coisas no OLX) trabalhava na Transom, ainda hoje somos grandes amigos

galvaorod escreveu:

Cylon escreveu:

Será que sou só eu que sinto esta nostalgia?

Não! Eu também! Quando passava na Transon do Cascaishopping para "galar" os Sony ES. O feeling que eu tinha já não encontro nas lojas actuais.

Mas se pensarmos bem, há milhões de pessoas por esse mundo fora que só ouvem vintage como se estivessem em 95, ou 85, ou mesmo 75. Basta ver a quantidade de forums dedicados a esse tema, completamente indiferentes ao que se faz hoje em dia.

Pmoura43 escreveu:

galvaorod escreveu:

Cylon escreveu:

Será que sou só eu que sinto esta nostalgia?

Não! Eu também! Quando passava na Transon do Cascaishopping para "galar" os Sony ES. O feeling que eu tinha já não encontro nas lojas actuais.

Mas se pensarmos bem, há milhões de pessoas por esse mundo fora que só ouvem vintage como se estivessem em 95, ou 85, ou mesmo 75. Basta ver a quantidade de forums dedicados a esse tema, completamente indiferentes ao que se faz hoje em dia.

Há malta que gosta de viver no passado

Ficaram presos, será que também só ouvem a M80?

Por algo será!?...  

Eu, aqui em casa, embora com outras opções mais, muito mais actuais, escuto muitas vezes este meu conjunto SANSUI e, atenção é coisa que não se consegue em lado nenhum por nada a menos dos 1.000€...


Não contando com o gira ELAC que aproveita os(2) muito razoáveis andares phono  do power !?...

galvaorod escreveu:

O dac/processador da LBT-D905 é fabuloso, mas porra mais à Sony, aquilo só funciona se estiver ligado ao amp do sistema com uma cabo bus. Que m*&da.

Quer-se dizer... com um bocadito de jeito, umas bananas RCA e um ferro da solda... não sei! Nunca mexi numa destas, mas as do género que vi por aí com umas horitas de volta delas...

galvaorod escreveu:

Não! Eu também! Quando passava na Transon do Cascaishopping para "galar" os Sony ES. O feeling que eu tinha já não encontro nas lojas actuais.

Transom, Fernando Gonçalves Carvalho, até as lojas Singer davam para entreter um gajo... (aqui já estou um bocado a esticar a corda!)

pmoura escreveu:

Ficaram presos, será que também só ouvem a M80?

A grande vantagem em vivermos nesta era é temos todos os grandes "clássicos" ao clicar de um rato! E com a vantagem de descobrirmos novos "clássicos"! Por exemplo, ando maravilhado com o City Pop japonês dos anos '80!

Mais uma acha para a fogueira: quem não se lembra do marketing intensivo com que a Sony nos brindou no início dos anos '90? Quem não se lembra das brochuras tipo mini-catálogos que acompanhavam as edições de fim-de-semana dos jornais?

Num belo dia de Agosto de 1993, estando de férias em Tábua, fui de com a família à Feira do Mont'Alto a Arganil. Desse dia ainda conservo como valiosa recordação o catálogo da Sony que um vendedor da Duaotécnica - Baeta & Neves, Lda. - passe a publicidade - me ofereceu quando passei pelo seu stand!


Muito me deliciei eu na altura - e ainda me delicio - a folhear estas páginas.

Cylon escreveu:

... Hoje o mercado mudou. Entro numa Box do Jumbo ou numa Worten do Continente e sinto um vazio enorme. O adolescente em mim a buscar algures entre os frágeis telemóveis, tablets e mini-colunas aqueles pequenos monstros com que me entretinha enquanto os velhotes andavam de volta da carne e do peixe...´   ...

Efectivamente tudo mudou ... assim vai o tempo e assim vão as coisas! Se é claro que o mercado mudou (todos os mercados mudaram), jà é mais dificil de saber porquê. Sempre existiu um cliente para as Hasselblad, um outro para as reflex da Nikon e Canon e ainda um outro para as Minox de bolso. A miniaturisação (ou deveria dizer a simplicidade) sempre foi o desejo de muitos ... e o audio não é a paixão de toda a gente! Os construtores adaptaram-se a isso pois o mercado estava desejoso de tal e a tecnologia o permitia...

A minha mulher que vive hà anos comigo habituou-se a ouvir musica em boas condições, mas não ao aspecto do material de audio. Ela diz-me regularmente que no dia em que fizer aparelhos sém nenhum botão ou com um sò, as mulheres vão se interessar aos aparelhos ... e sei que assim serà! E no dia que os aparelhos não tiverem botões ou um sò, e mesmo que funcionem melhor ... vai haver muitos audiofilos que vão ficar nostalgicos e que acham que essa evolução é mà. Nada é perfeito na vida, mas a "mudança" é verdadeiramente algo de complicado para o homém...

O prazer de uns é muitas vezes a tristeza dos outros ... mas "os mercados" são a dictadura da maioria!!!

galvaorod escreveu:

Mas se pensarmos bem, há milhões de pessoas por esse mundo fora que só ouvem vintage como se estivessem em 95, ou 85, ou mesmo 75. Basta ver a quantidade de forums dedicados a esse tema, completamente indiferentes ao que se faz hoje em dia.

Uma realidade que também já tinha reparado. Porque será?
No meu caso o preço é determinante.
Mas por essa Europa fora? Onde o ordenado mínimo pouco menos é que o de um quadro superior em Portugal!

TD124 escreveu:

(...)

A minha mulher que vive hà anos comigo habituou-se a ouvir musica em boas condições, mas não ao aspecto do material de audio. Ela diz-me regularmente que no dia em que fizer aparelhos sém nenhum botão ou com um sò, as mulheres vão se interessar aos aparelhos ... e sei que assim serà! E no dia que os aparelhos não tiverem botões ou um sò, e mesmo que funcionem melhor ... vai haver muitos audiofilos que vão ficar nostalgicos e que acham que essa evolução é mà. Nada é perfeito na vida, mas a "mudança" é verdadeiramente algo de complicado para o homém...

O prazer de uns é muitas vezes a tristeza dos outros ... mas "os mercados" são a dictadura da maioria!!!

Está mal Paulo. Eu a falar na democratização do mercado com as grandes superfícies e tu a falares na ditadura das mulheres. Está mal!!!

Caríssimos,

Acho que em Portugal as primeiras grandes superfícies representaram uma descida generalizada de preços e mais escolha tudo reunido num sítio de fácil acesso e com parque de estacionamento á porta!
Na primeira que abriu aqui no Porto foi onde eu comprei a minha primeira aparelhagem Technics (não é a da imagem) que me custou quase metade do preço praticado na altura pelo representante, se a memória não me falha, era a Sonicel que até teve anúncios de meia página nos jornais dizendo que tudo o que nelas fosse comprado da Panasonic e Technics (na altura grupo Matsushita e que agora é
a Panasonic Corporation) não teria a garantia da Sonicel em caso de avaria, a minha até agora funciona a 100%...
Actualmente as grandes superfícies estão quase todas integradas em shopping centers e tudo é diferente e de fugir quando há alternativa.
Na fotografia analógica acho que não podemos esquecer a Pentax e a Olympus que nessa altura, na minha opinião , eram muito superiores à Canon, a Nikon é outra coisa, até á F2 eram mais pesadas que a concorrência mas material de guerra, ainda hoje é um prazer tirar fotos com uma delas! A  Hasselblad como outras é outro formato e na altura eram demasiado caras pelo nunca as usei e não comento o que não conheço.
A fotografia de filme é como os discos (agora dizem que são vinis!!!) está de volta, até a própria Kodak anunciou  que vai voltar a fabricar o famoso Kodachrome que até deu nome a um filme recente...

Em relação  á outra questão a combinação dos cromossomas xy faz com que apreciemos outras coisas, no entanto reconheço que as xx muitas vezes são bem mais prácticas do que nós, para mim uma coisa é certa o aspecto delas é muito melhor que o nosso!

TD124 escreveu:

E no dia que os aparelhos não tiverem botões ou um sò, e mesmo que funcionem melhor ... vai haver muitos audiofilos que vão ficar nostalgicos e que acham que essa evolução é mà.

Essa é o outro lado do áudio vintage! Atrevo-me a dizer que, neste quadrante, há duas facções: a dos audiófilos puros e duros que só querem é saber do som, e a dos outros, na qual eu temo que tenha de ser incluído - que liga mais ao design e aos botõezinhos e luzinhas!

João Henrique escreveu:

galvaorod escreveu:

Mas se pensarmos bem, há milhões de pessoas por esse mundo fora que só ouvem vintage como se estivessem em 95, ou 85, ou mesmo 75. Basta ver a quantidade de forums dedicados a esse tema, completamente indiferentes ao que se faz hoje em dia.

Uma realidade que também já tinha reparado. Porque será?
No meu caso o preço é determinante.
Mas por essa Europa fora? Onde o ordenado mínimo pouco menos é que o de um quadro superior em Portugal!

No vintage apanham-se bons aparelhos a baixo preço, e bonitos por fora. Mas a razão principal é que os bases de gama antigos são muito superiores aos bases de gama modernos, e duram até hoje, o que testemunha a sua qualidade de construção, principalmente os fabricados no Japão.

Cylon escreveu:

Essa é o outro lado do áudio vintage! Atrevo-me a dizer que, neste quadrante, há duas facções: a dos audiófilos puros e duros que só querem é saber do som, e a dos outros, na qual eu temo que tenha de ser incluído - que liga mais ao design e aos botõezinhos e luzinhas!

Bom..., já eu não sou nem apoiante de uma facção, nem detractor da outra. Mark Levinson foi dos primeiros e mais aguerridos detractores dos equipamentos com muitos botões e muita entropia no caminho do sinal, ainda no início dos anos 70. Mais tarde, como lhe aponta um seu concorrente e compatriota, aprendeu para que serviam os botões e só fez isto: